sexta-feira, 22 de abril de 2011

OBJETIVOS

Objetivos:

  • Valorizar e estimular atitudes gentis que ajudam a melhorar a qualidade de vida.
  • Destacar manifestações culturais e personalidades que valorizam o ser humanno.
  • Mostrar que o diálogo é sempre a melhor forma de mediar conflitos e lutar pelos nossos direitos.
  • Ampliar a perspectiva de espaço e tempo de nossos alunos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Gentileza Gera Gentileza


É hora de ser gentil


Para falar da gentileza, vou aproveitar o comentário que o filósofo René Descartes fez sobre o bom senso na sua obra “Discurso do Método”: “o bom senso deve ser o bem mais bem distribuído da face da Terra, pois ninguém deseja ter quantidade maior do que já possui.
E não é assim que a maioria de nós se comporta? Queremos um pouco mais de tudo -mais poder, mais riqueza, mais fama, porém, julgamos ter bom senso em quantidade mais que suficiente.
O mesmo ocorre com a gentileza. Quase sempre imaginamos que já somos suficientemente gentis. Se dissermos a uma platéia que de cada cem pessoas apenas dez são gentis, provavelmente todos os presentes julgarão que se enquadram nesses 10%.
Por isso, vamos refletir um pouco sobre como temos nos relacionado com as pessoas e sejamos nosso próprio juiz para decidirmos se a gentileza está ou não presente em nossas atitudes.
Se chegarmos à conclusão de que o bom relacionamento anda ausente do nosso manual de conduta, talvez possamos rever a maneira como temos nos comportado e passemos a levar uma vida social diferente, com mais generosidade.
É simples ser gentil
Embora um dos símbolos da gentileza seja o do homem que tira o casaco e o coloca sobre a poça para que uma mulher caminhe sem molhar os pés, no dia-a-dia, ser gentil não exige tanto sacrifício.

Para ser gentil basta tomarmos alguns pequenos cuidados que não nos darão tanto trabalho, nem nos desviarão muito dos nossos afazeres. Vamos analisar alguns exemplos de gentilezas que podemos incorporar com facilidade aos nossos hábitos.
Segurar a porta de entrada do restaurante ou do elevador para que a pessoa a encontre aberta. Essa atitude tão simples demonstra educação, generosidade e espírito de solidariedade.
Quem sabe alguém pudesse questionar agora: “Polito, mas o que eu ganho sendo gentil?” Bem, nós não deveríamos nos preocupar se há ou não algum tipo de lucro, benefício ou vantagem para quem age com gentileza. Em todo caso, se for preciso falar em dividendos para que uma pessoa se anime a ser gentil, motivos não faltarão.
No exemplo acima, ao segurar a porta na entrada do restaurante ou do elevador, a atitude simpática talvez não seja valorizada apenas por quem foi beneficiado pelo gesto, mas também, e acima de tudo, por todos que presenciaram aquela gentileza.
Não é difícil deduzir que com esse procedimento projetaremos aos olhos dos outros uma imagem bastante positiva, de que somos pessoas bem formadas, que merecemos admiração.
E gentileza se paga com gentileza. Se alguém segurar a porta para nós, devemos retribuir com um agradecimento. Sei que parece desnecessário esse tipo de recomendação, mas já perdi a conta do número de pessoas que observei passando duras e indiferentes por aquele que gentilmente segurou a porta para elas. Essa desconsideração é um bom motivo para que nos vejam como mal-educados, grosseiros e poderemos conquistar antipatias até sem mencionarmos uma única palavra.
Ainda dentro dos exemplos das gentilezas que nos cercam no dia-a-dia, podemos incluir o gesto cada vez mais raro de ceder o lugar no transporte coletivo ou numa sala de espera às pessoas mais velhas, ou de qualquer idade que estejam carregando crianças no colo, sacolas, ou objetos que claramente demonstrem algum tipo de desconforto.
Eu disse que esse gesto é cada vez mais raro porque o costume de ceder lugar, que fazia parte das nossas boas tradições, começa a ser desprezado. Mais grave ainda é a atitude do homem que ao invés de oferecer o lugar a uma senhora idosa, rasga a cartilha do bom comportamento e privilegia uma moça jovem e saudável. Provavelmente nem ela que foi beneficiada goste daquela atitude. Os que estão a sua volta vão torcer o nariz e encará-lo como alguém desprezível.
Observe que as gentilezas que estou mencionando são as mais simples e comuns no nosso cotidiano. Convivemos a vida inteira com situações onde elas poderiam ser usadas de maneira bastante natural, praticamente sem esforço.
Exemplo de gentilezas é que não falta. Vamos supor que tenhamos ido a uma festa ou um jantar na casa de amigos. Para saber que atitude eles gostariam que tivéssemos, basta nos colocarmos no lugar deles e imaginarmos como desejaríamos que nossos amigos agissem no dia seguinte.
É claro que esperaríamos que dessem um retorno dizendo como o encontro havia sido agradável. Por isso, não negligenciemos, não custa nada ligar para eles e falar com detalhes, de maneira natural, sobre tudo o que foi positivo.
Não seria mal se mandássemos algumas flores acompanhadas de um cartão elogiando a maneira como nos recepcionaram. Não dará muito trabalho, e eles se lembrarão de nós sempre com simpatia.
A gentileza também pede passagem nas reuniões e nos bate-papos. Se há uma situação desagradável, é estar numa conversa e ficar à margem, como se nós não existíssemos. Quando a pessoa é inibida, o constrangimento é ainda maior, pois além de ficar marginalizada ela se sente pressionada e sem condições de participar.
Se nós incluirmos na conversa uma pessoa tímida ou que se sinta deslocada numa reunião, ela jamais nos esquecerá. Mesmo que o assunto não tenha nenhuma ligação com ela, podemos olhar em sua direção, pedir sua opinião, perguntar sobre o filho dela, enfim, mostrar que ela tem importância. É quase certo que essa atitude gentil a sensibilizará e a deixará sempre agradecida.
Abrir a porta do carro e puxar a cadeira para uma mulher continua na moda e é uma gentileza do homem sempre vista com bons olhos. Se você for homem e não estiver acostumado a abrir a porta do carro ou puxar a cadeira para uma mulher, é possível que se sinta sem jeito quando começar a tomar essas atitudes, pois terá a impressão de que todos olham em sua direção para ridicularizá-lo. Mas é só impressão, em pouco tempo terá se acostumado e passará a agir com espontaneidade.
Nessas situações não podemos hesitar, devemos agir com determinação e nos comportar de maneira convicta, como se fosse uma iniciativa bastante natural. Se você for mulher e receber esse tipo de gentileza, lembre-se de agradecer e se mostrará muito gentil se em locais movimentados, escuros ou em dia de chuva retribuir abrindo a porta do motorista por dentro, para facilitar a entrada do seu companheiro.
Falando em gestos gentis, enviar flores, independentemente de ser homem ou mulher, será uma atitude sempre admirada e com excelentes resultados para o relacionamento.
Expressões de ouro
Além das atitudes gentis que acabamos de analisar, algumas expressões são excepcionais para nos aproximar das pessoas. Mas, por sua importância não ser considerada de forma correta, tem gente que nem se lembra mais de que elas existem.

Se dissermos “por favor” ao iniciarmos ou concluirmos qualquer pedido, adicionaremos à frase uma simpatia capaz de afastar barreiras que nem os mais poderosos argumentos conseguiriam suplantar.
Esse poder mágico do “por favor” não se restringe à comunicação oral. Se essa expressão gentil for usada ao escrevermos uma carta, um relatório, um e-mail, ou mesmo um simples bilhete, dará à mensagem poderes adicionais que ajudarão a persuadir e afastar as mais resistentes objeções.
Lembremo-nos, todavia, de que o tom de voz tem importância fundamental nesse processo. De nada adiantará pedirmos “por favor” com um tom de voz que indique uma atitude autoritária, ou apenas uma espécie de obrigação de alguém que deseja apenas se valer de uma técnica, de um recurso que não corresponda ao que estiver sentindo. As pessoas irão perceber essa artimanha e duvidarão de nossas intenções. Devemos falar com sinceridade e demonstrar que reconhecemos que a pessoa fará algum tipo de sacrifício ou de esforço para nos atender, ainda que seja obrigação dela.
Para sermos gentis, não podemos economizar a palavra mais importante que temos à disposição, “obrigado”. Embora o Aurélio estabeleça apenas três conceitos para definir o sentido de obrigado, eles são bastante abrangentes e podem se encaixar facilmente em praticamente todas as circunstâncias: agradecido, grato, reconhecido.
Por isso, a regra geral é agradecer a todas as pessoas o tempo todo. Se alguém nos der passagem, vamos dizer “obrigado”, se nos der atenção, vamos dizer “obrigado”, se atender a um pedido nosso, vamos dizer “obrigado”. Não existe nada tão fácil e mais eficiente do que dizer “obrigado”. Se o que nos fizerem for muito importante, estiquemos um pouco mais e vamos dizer “muito obrigado”, será uma forma simpática de dizer que nós ficamos realmente agradecidos.
Os comerciantes que tiveram de sobreviver a duras penas, procurando manter seus negócios a cada dia, aprenderam o valor das gentilezas. Para eles, dizer “obrigado”, “pois não, em que posso servi-lo?”, “volte sempre”, tornou-se um hábito natural como respirar ou se alimentar. E, por saberem como os clientes são importantes, usam essas expressões com sinceridade, cativando as pessoas com as quais precisam se relacionar.
Ser solidário nas realizações bem-sucedidas das outras pessoas é uma bonita demonstração de gentileza. Precisamos aproveitar todas as oportunidades para cumprimentar os vitoriosos pelos seus feitos. Se uma pessoa que conhecemos ou alguém da sua família recebe uma homenagem, é aprovada num concurso, é citada com destaque, vamos cumprimentá-la.
Parabéns é uma palavra que todo mundo espera ouvir pelas conquistas que obteve. Essa expressão sempre que possível deverá ser acompanhada dos motivos da façanha; por exemplo, parabéns por ter conseguido passar no vestibular; parabéns pelo nascimento do filho. Devemos ficar atentos e, ao descobrirmos que alguém tem motivo para ser cumprimentado, tomemos a iniciativa.

Reinaldo Polito

é mestre em ciências da comunicação, palestrante e professor de expressão verbal. Escreveu 15 livros que venderam mais de 1 milhão de exemplares

Site: http://www.reinaldopolito.com.br/
e-mail: polito@uol.com.br

Espírito de gentileza


Blaise Pascal (1623-1662), gênio da matemática, inventor da máquina de calcular, filósofo e místico, percebeu, de golpe, a grande contradição dos tempos modernos que acabavam de se firmar: a desarticulação entre dois princípios que ele chamou de esprit de géométrie e esprit de finesse. Espírito de geometria representa a razão calculatória, instrumental-analítica, que se ocupa das coisas, numa palavra, a ciência moderna que com seu poder mudou a face da Terra. Espírito de finura que nós traduzimos por espírito de gentileza representa a razão cordial - logique du coeur (a lógica do coração) segundo Pascal - que tem a ver com as pessoas e as relações sociais, numa palavra, com outro tipo de ciência que cuida da subjetividade, do sentido da vida, da espiritualidade e da qualidade das relações humanas.
Ambas as razões são necessárias para darmos conta da existência. Que faríamos hoje sem a ciência? Que seríamos sem a ética, os caminhos espirituais e a psicologia? O drama da modernidade consiste na desarticulação destas duas razões imprescindíveis. De início, se combateram mutuamente, depois, marcharam paralelas e hoje, buscam convergências na diversidade, no esforço, ainda que tardio, de salvar o ser humano e a integridade da natureza. O fato é que o espírito de geometria foi inflacionado; com ele criamos o mundo dos artefatos, bons e perversos, desde a geladeira até a bomba atômica. O espírito de gentileza nunca ganhou centralidade, por isso somos tão vazios e violentos. Hoje ele é urgente. Ou seremos gentis e cuidantes ou nos entredevoraremos.
Por que escrevo tudo isso? Por causa da violência do Rio de Janeiro. Esta cidade foi uma das mais ridentes da Terra. O esplendor da natureza havia celebrado um casamento feliz com a cordialidade das pessoas. Perdemos a cordialidade e a natureza não é mais a mesma. Ela está lá mas não nos dá mais alegria porque nossos olhos se turvaram pelo quadro da violência e o nosso coração dispara de medo e de desconfiança. Temos que ouvir o apelo de quem conhece a cidade partida, o mestre Zuenir Ventura: precisamos do espírito de gentileza.
Houve um homem enviado ao Rio por Deus. Seu nome era José da Trino, chamado de Profeta Gentileza (1917-1996). Por mais de vinte anos circulava pela cidade com sua bata branca cheia de apliques e com seu estandarte, pregava nas praças e colocava-se nas barcas entre Rio e Niterói anunciando sem cansar:”Gentileza gera Gentileza”. Só com Gentileza, dizia, superamos a violência que se deriva do “capeta-capital”. Inscreveu seus ensinamentos ligados à gentileza em 55 pilastras do viaduto do Caju, à entrada da cidade, recuperados sob a orientação do Prof. Leonardo Guelman que lhe dedicou um rigoroso trabalho acadêmico, acompanhado de video e um belíssimo um CD-ROM com o título Universo Gentileza: a gênese de um mito contemporâneo.
Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a Gentileza e a aplicarem Gentileza em toda a Terra.
Sua mensagem é de extrema urgência no Rio dos dias atuais. Não bastam os patronos que temos, São Sebastião e São Jorge. Eles ainda usam símbolos de violência, a flecha no corpo e a lança contra o dragão. Precisamos de um símbolo puro como o Profeta Gentileza. Voltaremos ainda a ele.

Leonardo Boff

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Gentileza Gera Gentileza


Gentileza gera gentileza. Eis uma verdade. Eu sei, parece clichê, parece auto-ajuda, parece simplista.
Todavia, é uma verdade; e as verdades, por mais óbvias que pareçam, às vezes precisam ser ditas.
Gentileza gera gentileza.
E o que é ser gentil? É difícil definir o que é ser gentil, afinal cada pessoa gosta de uma coisa, a cada pessoa uma coisa agrada. Cada um tem uma definição de “gentil”. Contudo, certas características são bastante comuns as pessoas gentis e vou tentar expô-las aqui.
Ser educado é uma delas. “Com licença”, “por favor”, “obrigada”. Uma pessoa gentil sempre usa essas palavras. E mais: pessoas gentis sabem como fazer essas palavras soarem mais do que simples convenção.
Sorrir é outra característica comum das pessoas gentis. De que adianta dizer “com licença”, se a tua expressão está dizendo: “se você não sair da minha frente eu passo por cima”? Sorria, simplesmente porque é bom sorrir. Sorria porque é bom ver outras pessoas sorrindo para você. Ou sorria por simples gentileza – uma hora o sorriso que era apenas um ato gentil, acaba se tornando uma expressão de alegria.
Pessoas gentis não aceitam maus-tratos. Ser gentil não é “engolir sapos” nem “levar desaforo para casa”. Ser gentil é saber que “gentileza gera gentileza” assim como “aspereza gera aspereza”. Se alguém foi áspero contigo, seja gentil com ele, e quebre uma cadeia de agressividade. Ser gentil é saber colocar-se no lugar do outro para encontrar a melhor forma de responder a uma indelicadeza, sem ser indelicado, mas deixando claro que não gosta de ser tratado de tal forma.
Ser gentil é saber expor sentimentos.
Ser gentil é saber elogiar. É descobrir que elogios existem para ser usados. É reparar nas qualidades das pessoas que estão ao nosso redor. É dizer para elas que estamos prestando atenção nos seus pequenos atos, e que as coisas positivas que elas fazem são muito importantes para nós. Assim como devemos dar apoio para que os erros possam ser corrigidos, devemos dar valor para as coisas positivas. Não elogie por elogiar: seja sincero. Entretanto, não fique esperando para fazer um elogio: aprenda a descobrir qualidades.
Ser gentil é mais do que uma característica: é uma atitude perante a vida.

Acredito que todos queremos um “mundo melhor” e quem quer um mundo melhor deve estar consciente de que este mundo é feito por pessoas também “melhores”. Tornar-se uma dessas pessoas é uma boa forma de tornar o mundo melhor hoje.
(Texto extraído do site: http://metamorfosepensante.wordpress.com/2007/07/30/gentileza-gera-gentileza/)